Dados do Trabalho

Título

Caracterização e preditores da produção bibliográfica em primatologia por cientistas brasileiros 

Corpo do texto

A primatologia é uma ciência com forte influência feminina desde a sua origem. A dominância numérica das mulheres em certas sociedades primatológicas, no entanto, não resulta em uma maior produção bibliográfica feminina. Estudos anteriores encontraram uma maior produção masculina ou produções semelhantes entre os sexos. Nessa pesquisa analisamos a produção bibliográfica em primatologia e a formação de recursos humanos até 2018 de 287 doutores brasileiros via currículo Lattes. Caracterizamos os cientistas quanto ao sexo, especialidade, vínculo empregatício e região de atuação profissional. Encontramos 161 cientistas do sexo feminino (F) e 126 do masculino (M), principalmente biólogos (187), médicos veterinários (52) ou psicólogos (14), com doutorado em ecologia/conservação (54), zoologia (50), comportamento/psicobiologia/psicologia (46), medicina veterinária e afins (33) e genética/biologia molecular (27), atuação profissional especialmente em universidades (144) e órgãos (37) públicos ou universidades privadas (28) e lotados principalmente no sudeste (113), norte (61) e nordeste (54) do país. A maioria (217: F=123, M=94) cursou doutorado no Brasil, 38 (F=15, M=23) cursaram doutorado pleno no exterior e 31 (F=23, M=8) fizeram doutorado-sanduíche. A produção bibliográfica variou de 0 a 149 artigos em periódicos (mediana=7) e de 0 a 52 capítulos em livros (mediana=1) com disparidade de produção entre os sexos (mediana: F=6, M=11). Doutorado pleno no exterior e maior proficiência em inglês apresentaram associação com maior produção bibliográfica. Em relação à formação de pessoal, as proporções de estudantes F e M orientados por cientistas F e M foram semelhantes na iniciação científica e no mestrado, porém identificamos uma forte redução na proporção de estudantes M orientados por cientistas F em nível de doutorado. Concluímos que políticas públicas visando reduzir as disparidades na produção bibliográfica e orientação de estudantes M em nível de doutorado são necessárias para promover um crescimento mais igualitário da produção científica da primatologia brasileira.    

Financiadores

Essa pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) através da concessão da bolsa PROBIC (n° 19/2551-0000867-8) a Isadora Alves de Lima e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) através concessão da bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ 1C no. 304475/2018-1) a Júlio César Bicca-Marques.

Palavras-chave

Palavras-chave: Sexo; Currículo Lattes; Proficiência em inglês.