XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

Muriquis-do-sul [Brachyteles arachnoides] e a fragmentação florestal no Paraná: vivendo sob risco iminente de isolamento

Corpo do texto

Os muriquis-do-sul ocorrem entre Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Estudos sobre área de vida e uso de habitat têm sido desenvolvidos em São Paulo, enquanto o conhecimento para as populações do Paraná é diminuto. Neste trabalho, foram capturados e instalados rádios colares com GPS em dois muriquis machos adultos de grupos distintos (Pinhalzinho e Pinhal Grande), no município de Cerro Azul, onde avaliamos área de vida e uso de hábitat. Foram coletados pontos georreferenciados durante 7 meses (outubro/2022 a abril/2023) e analisados pelo método de Kernel (KDE 95% e KDE 50%) para definir sua área de vida e área central. Apesar da fragmentação ambiental na região, a área de vida do indivíduo do Pinhal Grande foi de 954,57 ha, com área central de 174,66 ha, enquanto do indivíduo do Pinhalzinho foi de 849,46 ha, com área central de 180,75 ha, áreas similares ao relatado para a espécie em floresta contínua (ca. 850 ha). As áreas de vida dos dois indivíduos se sobrepõem em 454,09 ha e 25,91 ha (total e central, respectivamente), tendo variações durante as estações climáticas analisadas. Os grupos utilizaram preferencialmente habitat florestal nativo, porém o uso de habitat antropizado como agricultura, pastagem e silvicultura também foi registrado. Sobretudo esses ambientes, em especial as áreas de silvicultura, foram utilizados como trampolim entre fragmentos florestais. Foi também registrado uso do chão para travessias de pastagens, agriculturas e estradas rurais buscando acessar outros fragmentos florestais. Tais resultados indicam que a espécie mantém o padrão conhecido de área de vida, sinalizando que os grupos estudados possuem ainda habitat suficiente para exibir seu comportamento espacial esperado; contudo, a dinâmica de supressão das áreas de silvicultura e diminuição dos fragmentos florestais nativos existentes atualmente, impõe aos grupos estudados sérios riscos de isolamento e de sobrevivência em longo prazo.

Financiadores

Companhia Paranaense de Energia Elétrica - COPEL

Palavras-chave

Área de vida, fragmentação, primata arborícola.

Área

Ecologia

Autores

Robson Odeli Espíndola Hack, Eduardo Miguel Zanette, Mauricio Belézia de Oliveira, Marcelo Alejandro Villegas Vallejos, Paulo Rogério Mangini