XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

Comportamento reprodutivo de fêmeas de muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus Kuhl, 1820) de um grupo formado em condições ex situ

Corpo do texto

Os muriquis-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) do Projeto Muriqui de Caratinga apresentam comportamento reprodutivo promíscuo, onde as fêmeas podem copular com diversos parceiros. As cópulas podem ocorrer ao longo de todo o ano, com pico na estação chuvosa, tanto durante quanto fora dos ciclos de concepção. Quando sexualmente receptivas, as fêmeas podem ser vistas exibindo práticas de acasalamento. A época de cópula em Caratinga geralmente tem duração de 7,9 a 12,5 dias, transcorrendo até que ocorra fertilização ou o fim do ciclo ovariano, como descrito na literatura. No projeto Muriqui House, em Lima Duarte – MG, encontra-se um grupo de muriquis-do-norte formado ex situ por uma fêmea subadulta, um filhote, dois machos e duas fêmeas adultas: uma primípara (ECO-S) e outra nulípara (SOC-S). Esse trabalho investiga se essas fêmeas adultas exibem um padrão natural de comportamento reprodutivo, prevendo que as condições de cativeiro poderiam influenciar a duração e frequência. De janeiro/2022 a fevereiro/2024, foram coletados dados ad libitum sobre a periodicidade e duração de comportamentos sexuais como: vocalizações, inspeções, tentativas e cópulas; comparando com o encontrado em vida livre. As fêmeas apresentaram ciclos reprodutivos em todos os meses de acompanhamento.  ECO-S exibiu comportamento sexual mensal por uma média de 12,3 dias, e SOC-S em 12,7. No total, 6 tentativas de cópula foram registradas para ECO-S, e 4 para SOC-S, embora nenhuma tenha sido consumada. Acredita-se que pelo menos em parte desses períodos elas estariam ovulando, todavia, seriam necessários dados hormonais para tal afirmação. Ao contrário do esperado, a duração dos ciclos de ECO-S e SOC-S são bastante semelhantes e síncronos. Embora ocorram em maior periodicidade, possivelmente pela falta de cópula e fertilização, sua duração corresponde à média prevista quando comparada ao obtido para animais silvestres. Mais dados comportamentais e hormonais são necessários para entender efetivamente as interferências na frequência e duração destes ciclos.

Financiadores

Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB); Ibitipoca Reserva Ambiental (Ibiti Projeto); Universidade Federal de Viçosa (UFV) e ICMBio/CPB-Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros

Palavras-chave

Brachyteles; comportamento; ex-situ; muriqui; reprodução.

Área

Comportamento

Autores

Caroline de Barros Rodrigues, Fernanda Pedreira Tabacow, Hallana Couto e Silva, Valéria Cristina de Paula Ribeiro, Fernanda Machado Valério, Priscila Maria Pereira, Izabela Gonçalves Sêco de Alvarenga, Marcello Silva Nery, Leandro Santana Moreira, Leandro Jerusalinsky, Fabiana Cristina Alves de Melo, Karen Barbara Strier, Fabiano Rodrigues de Melo