XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

Padrões de vocalização de [Callicebus barbarabrownae] em fragmentos de Caatinga

Corpo do texto

A comunicação sonora consiste na transferência de informações, na forma de sinais acústicos, entre emissores e receptores, que é fundamental para a ecologia e reprodução de muitos primatas. Algumas espécies, como o guigó-da-Caatinga (Callicebus barbarabrownae), vocalizam em dueto, principalmente para defesa territorial. Aqui, analisamos o padrão de vocalização de defesa territorial de C. barbarabrownae em fragmentos de diferentes tamanhos. Coletamos dados entre fevereiro/2021 e janeiro/2023 em dois fragmentos de floresta de Caatinga (de 70 e 7 hectares) no município de Porto da Folha, Sergipe. Utilizamos gravadores autônomos (AudioMoth v1.2) durante 10 dias/mês, gravando por 5min, com intervalos de 5min, entre 04:30h e 18:30, totalizando 3,360 horas de amostragem. Registramos 242 eventos independentes de vocalização em 193 amostras, sendo 28 no fragmento menor e 214 no fragmento maior. Destas vocalizações, 81% (n=196) foram registradas no período matutino, com maior frequência no horário das 08h (n=50), e diferenças significativas entre horários e períodos (matutino e vespertino). O menor número de vocalizações foi registrado em outubro/2021 (n=0) e o maior, em junho/2022 (n=30), embora a frequência de vocalização não variou estatisticamente entre meses. Mais eventos de vocalização foram registrados na estação chuvosa (n=138) que na estação seca (n=104), mas a diferença foi significativa apenas no fragmento maior. A maior frequência de vocalização de manhã está relacionada com as atividades iniciais do grupo, que visa garantir a integridade de seu território. A diferença entre fragmentos pode ser explicada pela maior competitividade entre grupos no fragmento maior, já que existe apenas um grupo residente no fragmento menor. Mesmo sendo considerada criticamente amaçada, poucos dados estão disponíveis sobre a ecologia da espécie, esperamos que os resultados deste estudo possam contribuir para a elucidação dos efeitos negativos da perda de hábitat, considerando que a perda de habitat isolou o único grupo do fragmento menor, afetando a competição.

Financiadores

HFB (CAPES: 88887.513656/2020-00), RB-M (CAPES: 88887.320996/2019-00; FEST/FUNBIO/GEF Terrestre/ICMBio: A-CGPEQ-CPB)

Palavras-chave

Guigó-da-Caatinga; Comunicação sonora; Sergipe

Área

Ecologia

Autores

Hamilton Ferreira Barreto, Míriam Plaza Pinto, Stephen Francis Ferrari, Raone Beltrão-Mendes