XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

As adaptações comportamentais dos bugios ao tamanho do hábitat são flexíveis e imprevisíveis

Corpo do texto

A perda de habitat e o isolamento das populações remanescentes em paisagens fragmentadas ameaçam a sobrevivência de primatas. Espécies capazes de sobreviver em pequenas áreas de vida, que apresentam flexibilidade comportamental e alimentar e que usam a matriz têm uma maior probabilidade de persistir em paisagens com manchas de habitat isoladas. Os bugios [Alouatta spp.] se destacam entre os platirrinos por sua tolerância à restrição de habitat. Essa adaptação tem sido relacionada à capacidade de sobreviverem com uma dieta altamente folívora que pode incluir fontes de alimento não arbóreas e espécies exóticas. Neste estudo avaliamos como o tamanho (área) do fragmento de habitat afeta o orçamento de atividades, a composição da dieta e o uso do espaço em bugios. Compilamos dados da literatura sobre o comportamento de 103 grupos distribuídos em oito espécies. Utilizamos Modelos Generalizados Múltiplos e Modelos Betareg para identificar o efeito do tamanho do fragmento de habitat no comportamento destes primatas e as relações potenciais entre os aspectos comportamentais. Descobrimos que o tamanho do fragmento de habitat afeta diretamente a área de vida e inversamente o investimento na alimentação. Também encontramos que o percurso diário e o tempo de observação dos grupos têm influências diretas na riqueza da dieta. A falta de relações significativas entre o tamanho do fragmento e quase todas as variáveis refletem a flexibilidade comportamental e ecológica que permite a sobrevivência dos bugios em uma variedade de habitats florestais. Embora a sobrevivência das populações que habitam manchas florestais pequenas e isoladas em paisagens antropogênicas seja improvável em longo prazo, sua permanência ao longo do tempo nesses ambientes permite que sejam integrados em estratégias de manejo metapopulacional e contribuam para a conservação das espécies.

Financiadores

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de mestrado concedida a SBM (número de concessão 130747/2019-0) e bolsa de Produtividade em Pesquisa concedida a JCBM (bolsa PQ 1C número 304475/2018-1). 

Palavras-chave

Flexibilidade ecológica; orçamento de atividades; ecologia alimentar, uso do espaço, conservação.

Área

Ecologia

Autores

Sebastián Bustamante-Manrique, Júlio César Bicca-Marques