XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título do simpósio

Bases para o manejo da caça de primatas amazônicos

Resumo do Simpósio

A caça de primatas na Amazônia possui diversos contextos, devido à diversidade de relações existentes entre os primatas e as populações locais, tradicionais ou não. Se por um lado, a caça de primatas pode ter menor incidência em regiões próximas de centros urbanos, devido a tabus culturais e/ou preocupações com zoonoses, em regiões habitadas por membros de povos e comunidades tradicionais, tais como ribeirinhos e indígenas, por exemplo, a caça de primatas possui importância do ponto de vista cultural e de segurança alimentar. Esse simpósio vai apresentar trabalhos que descrevem a caça de primatas em diferentes contextos, e que trazem experiências de como a pesquisa e monitoramento participativo, em conjunto com as populações locais, podem gerar informações necessárias e potencialmente relevantes para subsidiar o manejo sustentável da caça de primatas em seus diversos contextos amazônicos.

Nome do Coordenador

Rafael Magalhães Rabelo

Título da fala

Monitoramento participativo como ferramenta para obtenção de informações ecológicas de relevância para o manejo

Resumo

Essa fala vai mostrar como dados de caça coletados por populações tradicionais, em um sistema de monitoramento participativo, podem ser usados para obter informações populacionais sobre primatas caçados, gerando informações essenciais para o manejo.

Nome do Participante 1

Marcela Alvarães Oliveira

Título da fala Participante 1

Panorama da caça de primatas em Rondônia

Resumo Participante 1

A fala vai abordar a caça em Rondônia, onde a caça por populações locais tende a ser menos direcionada para primatas, seja por tabus relacionados a semelhança do grupo com seres humanos, ou por receio devido ao alto risco de transmissão de zoonoses.

Nome do Participante 2

Gustavo Rodrigues Canale

Título da fala Participante 2

Conciliando a soberania alimentar do povo Ikpeng e a conservação de primatas na Terra Indígena do Xingu

Resumo Participante 2

Será discutida a importância das populações de primatas para a manutenção da soberania alimentar e da cultura do povo Ikpeng. E como a elaboração de estratégias de conservação colaborativas podem contribuir para a proteção dos primatas do Xingu.

Nome do Participante 3

Anamélia de Souza Jesus

Título da fala Participante 3

Ecologia ao Avesso: caçadores de subsistência aliados a estudos ecológicos sobre primatas amazônicos

Resumo Participante 3

Essa fala vai explorar as potencialidades do uso de aparelhos digestórios doados por caçadores de subsistência para auxiliar estudos sobre a ecologia trófica e parasitária de primatas, buscando entender os efeitos ecológicos da caça de primatas.

Nome do Participante 4

Rodrigo Cambará Printes

Título da fala Participante 4

Caça de primatas por Yanomamis e Xirianas em Roraima: desafios para a conservação da biodiversidade e do modo de vida tradicional dos povos originários

Resumo Participante 4

O Território Indígena Yanomami (TIY), Roraima, faz divisa, ao sul, com o PARNA do Viruá, PARNA Serra da Mocidade e ESEC Niquiá; ao norte, com a ESEC Maracá, FLONA de Roraima e FLONA Parima. Um evento de caça foi registrado na TIY em 20/05/2024 no rio Catrimani (1°28’22”N; 62°20’7”W). Uma família Yanomami transportava um macho e uma fêmea adultos de Alouatta macconnelli numa pequena embarcação. O indígena entrevistado informou que a caça, utilizando arco e flecha, ocorre para a alimentação. Em 27/05/24, na ESEC Maracá (3°21’44”N; 61°26’3”W), foi entrevistado outro indígena, da etnia Xiriana. Ele relatou que o seu povo caça os seguintes primatas (por ordem de preferência): macaco-prego (Sapajus apella), cairara (Cebus olivaceus), coamba (Ateles belzebuth) e guariba (A. macconnelli), com arco e flecha, para alimentação. A caça ocorre na aldeia do rio Urariquera, fronteira Brasil/Venezuela. Tanto os Yanomami quanto os Xiriana tem seu modo vida ameaçado pelo avanço do narcogarimpo. A prevalência da caça de primatas pelos povos originários num mosaico entre unidades de conservação, terras indígenas e áreas militares é um convite à reflexão: a proteção deste modo de vida e a conservação das espécies de primatas são interdependentes e necessitam de ações de presença do Estado.

Área

Manejo e Conservação

Autores

Rafael Magalhães Rabelo, Anamélia Sousa Jesus, Marcela Alvarães Oliveira, Gustavo Rodrigues Canale, Rodrigo Cambará Printes