XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

Infanticídio em primatas: quem faz, como e por que?

Corpo do texto

O infanticídio é difundido em mamíferos e os primatas possuem significativa representatividade dos relatos na literatura. Estudos sobre infanticídio em aloprimatas (doravante, primatas) ajudam no entendimento das estratégias comportamentais, planos de manejo e averiguação das tendências do comportamento. O objetivo deste trabalho foi estudar as ocorrências do infanticídio em espécies de primatas em vida livre e cativeiro, através de uma revisão bibliográfica sobre mamíferos. Os casos foram categorizados conforme as regiões biogeográficas, táxons, parentalidade, sexos e hipóteses atribuídas. O levantamento dos artigos foi realizado na base de dados Google Scholar publicados entre 1960 a 2023, utilizando as palavras-chaves Infanticid* or infant attack* and mammal* no programa Publish or Perish. Considerou-se apenas os artigos que relataram casos observados ou inferidos. A busca resultou 159 artigos, sendo 98 (61,6%) sobre primatas, que reportaram N= 104 casos de infanticídio para a Ordem, sendo a maioria em vida livre (86,5%). A maior parte foi para os primatas da África (38,4%), seguida das Américas (28,8%), Ásia (26,9%) e Madagascar (5,7%). Os casos distribuíram-se em 56 espécies, 30 gêneros e 8 famílias, sendo elas Cercopithecidae (46,1%), Hominidae (17,3%), Cebidae (16,3%), Atelidae (11,5%), Lemuridae (4,8%), Hylobatidae (1,9%) e Pitheciidae e Indriidae (0,9% cada). Dos casos identificados, a maioria ocorreu intraespecificamente (96,1%) e feita por indivíduos não-parentais (84,6%). Os que informaram o sexo do infanticida contabilizaram 77,8% para machos e 12,5% para fêmeas. Houve consumo do infante em 18,2% dos casos. Das hipóteses, 95,1% foram sobre aumento da aptidão do perpetrador (estratégia sexual 73%, competição por alimento e habitat 11,5% e eliminação de infante inoportuno 0,9%) e 1,9% foram não-adaptativas. Das estratégias sexuais, 85,5% discriminaram machos infanticidas e 7,8% fêmeas. Apesar do viés de observação dos primatas em ambientes abertos na África e Ásia, nossos resultados oferecem um importante panorama sobre os parâmetros desse comportamento na Ordem.

Financiadores

PVA - UFPR

Palavras-chave

agressão; estratégia sexual; infantes

Área

Comportamento

Autores

Camilla Freitas Cirilo Santos, Lucas Moraes Aguiar