Dados do Trabalho

Título

O bugio-ruivo [Alouatta guariba] na região do Alto Rio Doce, em Minas Gerais, e implicações para a sua conservação

Corpo do texto

O bugio-ruivo (Alouatta guariba) consta como uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas de extinção do mundo e isto se deve principalmente, entre outros fatores, à perda e fragmentação de habitats na Mata Atlântica, que faz com que esses animais vivam em áreas cada vez mais reduzidas. Além disso, a febre amarela, entre outras arboviroses, é especialmente relevante em função de sua alta letalidade. Nos dias 29 de junho e 1º de julho de 2021, obtivemos de forma ocasional, três registros de A. guariba em fragmentos florestais nas margens do rio Doce, em Santa Cruz do Escalvado, e do rio do Carmo, em Barra Longa e em Ponte Nova. Além disso, registramos, no dia 14 de março de 2023, próximo à margem direita do rio Casca, em Santo Antônio do Grama, mais um indivíduo da espécie. Estas localidades, à montante da bacia do rio Doce, em Minas Gerais, estão entre as mais impactadas pelo rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração em Mariana, em 2015. Juntamente com a ecotoxicidade do material derramado, estudos evidenciaram a relação do aumento do número de casos de arboviroses, como a febre amarela, com a inundação dos rios pelos rejeitos da mineração. Faz-se necessária a avaliação da importância dessa relação para as populações destes e de outros primatas da região, dada a proximidade com as águas afetadas, além da presente degradação do habitat, que também pode contribuir para a proliferação de vetores. Sendo assim, para a manutenção do bugio-ruivo ao longo da bacia hidrográfica, podem ser necessárias ações incisivas de conservação, como a vacinação e técnicas de manejo integrado, incluindo resgates, suplementações e reintroduções, visando, respectivamente, a imunização e a viabilidade das populações. É imprescindível que as atividades de mineração se adequem aos propósitos de conservação da biodiversidade para evitar impactos futuros.

Financiadores

FAPEMIG, Re:wild, Centro Alternativo de Formação Popular Rosa Fortini

Palavras-chave

arbovírus; febre amarela; mineração