XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

Primatas sob ameaça: ocorrência potencial e a frequência de casos de febre amarela em municípios do Brasil

Corpo do texto

A febre amarela silvestre é uma arbovirose persistente no Brasil, afetando humanos e primatas selvagens. A incidência desse vírus está associada a diversos fatores, incluindo condições climáticas, ambientais e a diversidade de primatas não humanos. Buscamos analisar a relação da ocorrência de febre amarela com a distribuição de primatas não humanos nos biomas Cerrado e Mata Atlântica. Selecionamos 17 espécies de primatas, utilizando as bases do GBIF/SpeciesLink para o levantamento dos pontos de ocorrência, fazendo uma modelagem de adequabilidade ambiental na distribuição das espécies. Os modelos foram gerados com o algoritmo Maxent, utilizando 19 variáveis bioclimáticas da base Worldclim. Para cada espécie foram gerados quatro modelos e o melhor modelo, escolhido pelo critério de informação de Akaike. Os modelos foram convertidos para mapas binários (presença/ausência) com o uso do True Skill Statistic. As informações de ocorrência da febre amarela foram coletadas a partir de dados do Ministério da Saúde, IBGE e SINAN, para o período de 2008 a 2020. Esses dados foram cruzados com os mapas binários das espécies, observando-se as regiões com maior riqueza de animais potencialmente ameaçados pela doença. Para os anos de 2016 a 2020, os casos humanos concentraram-se nas regiões amazônica e Cerrado, se estendendo para a Mata Atlântica. Os casos de primatas se concentraram nas regiões de Mata Atlântica e Cerrado, acrescentando a região Sul. Mais de 10 espécies de primatas se encontram potencialmente em 110 dos 223 municípios notificados, com destaque para o Rio de Janeiro e São Paulo como estados preocupantes. A fragmentação desses biomas, juntamente com eventos estocásticos como surtos de febre amarela, pode aumentar as chances de extinções de espécies de primatas, destacando a importância do monitoramento e foco em áreas de maior risco para prevenção e controle de epizootias, tanto para a conservação desses animais, como para evitar surtos futuros.

Financiadores

Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), Universidade de Brasília (UnB)

Palavras-chave

Arbovirose; Conservação de primatas; Cerrado e Mata Atlântica

Área

Manejo e Conservação

Autores

Jade Cristine Soares, Ricardo Bomfim Machado